Translation of the poem "Pensador" by Manoel de Barros

Manoel de Barros (16/12/1916 – 13/11/2014) was a Brazilian poet, born in the city of Cuiabá, Mato Grosso. He was considered by many as the greatest poet in Brazil and won my prizes including the national prizes Premio Jabuti and the National Prize of Literature of the Ministry of Culture from Brazil. This post is a homage to his death on the 13^th of November 2014.

"Pensador"

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeitoàs que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantese 
aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidadedas 
tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios

"Thinker"

The harvester of waste

I use words to compose my silences.

I don't like words

tired of informing.

I give more respect

to those who live in the belly of the ground

like water, stones and frogs

I understand the accent of the waters well

I give respect to the unimportant things

and the unimportant beings.

I value the insects over the airplanes.

I value the speed

of the turtles over that of the missiles.

I have in me this delay by birth.

I was set up

to like birds.

I have happiness in abundance because of this.

My backyard is bigger than the world

I am a harvester of waste:

I love the leftovers

like the flies.

I wish my voice took the shape of a chant.

Because I'm not into informatics

I'm into invetionatics.

I only use words to compose my silences.

Image by Troche (Uruguayan artist)